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Turismo Rural

Mítica N2 comemora 80 anos

N2 Vertical
Conhecida em outros tempos por Estrada Real, a Estrada Nacional n.º 2 (N2) foi instituída no Plano Rodoviário, por Decreto-Lei n.º 34593, no dia 11 de maio de 1945, com o objetivo de ligar Chaves em Trás-os-Montes a Faro no Algarve. 

Este domingo, fazem precisamente 80 anos que a N2 foi constituída como estrada única mas há mesmo quem diga que o troço já teria sido em calçada romana, com séculos de existência. 

Muito mais do que uma simples via rodoviária moderna, a Nacional 2 incorpora segmentos de antigas vias romanas e de trilhos históricos que moldaram Portugal. Vários segmentos foram traçados sobre antigas estradas da província romana Lusitânia, que abrangia grande parte do atual território português.  A transformação das vias romanas e a sua posterior integração, pela monarquia, nas Estradas Reais culminou na criação daquilo que é hoje a estrada mais turística do país. "Fazer a N2" é uma viagem no tempo que nos permite explorar os caminhos históricos que revelam séculos de evolução nas infraestruturas de transporte no território português.

A Nacional 2 é a via rodoviária mais longa de Portugal e é a única estrada europeia que atravessa um país inteiro. No resto do mundo há apenas 2 outras estradas com esta característica - a Route 66 nos EUA e Ruta 40 na Argentina. A N2 passa por 35 concelhos e 11 distritos, atravessa 11 rios e sobe 11 serras. Faz-se de carro, caravana, mota, bicicleta e até mesmo a pé e a correr. Sim, a totalidade dos 738,5 km!

Atravessando Portugal de uma ponta à outra, a N2 é uma forma excelente de conhecer o país, e tem-se registado um crescente interesse nesta rota de asfalto icónica para descobrir a paisagem, cultura, demografia, gastronomia e património nacional. Uma viagem de aventura onde a finalidade não é apenas chegar ao fim, e onde o percurso em si é o destino.

A Rota Estrada Nacional 2 desce de Chaves pelo interior transmontano, passando por regiões montanhosas e florestas densas, até alcançar o centro do país. Pelo caminho, cruzam-se cidades como Vila Real, Viseu, Sertã, Abrantes, Ponte de Sor e Castro Verde, cada uma com as suas particularidades — desde o barroco das igrejas beirãs até às planícies alentejanas de tons dourados. A viagem segue, após atravessar o Alentejo e a serra algarvia, para terminar em Faro onde o Atlântico e o calor do sul brindam os viajantes.

Considerada num símbolo de ligação entre as diversas regiões do país, a N2 tornou-se num motor de desenvolvimento económico e turístico no interior de Portugal. Em 2016, foi criada a Associação de Municípios da Rota Estrada Nacional 2 (AMREN2) que tem como objetivo o desenvolvimento turístico, e promoção económica e cultural dos municípios atravessados pela Estrada Nacional 2.

A crescente popularidade da N2 levou à criação de iniciativas como o Passaporte Rota Nacional 2, que encoraja os viajantes a colecionar carimbos dos concelhos ao longo da rota, promovendo o turismo local e a interação com as comunidades. O passaporte turístico identifica os 35 concelhos com postos de turismo, cafés e alojamentos. Uma mecânica que conta com o apoio de uma aplicação móvel para colecionar os seus locais turísticos.


Em 2019, o então presidente da Associação de Municípios da Rota Estrada Nacional 2 afirmou que a rota foi atravessada por mais de 50 mil turistas, tendo gerado um impacto económico de cerca de 20 milhões de euros nos 33 municípios associados. Luís Machado disse que a estimativa foi feita considerando um valor de "400 euros, em média, para fazer a viagem". O antigo presidente da AMREN2 afirmou ainda que, no mesmo ano, foram emitidos 30 mil passaportes.


A Sertã, localizada a meio da Rota N2 (com 17 municípios acima e 17 municípios abaixo), é uma das regiões que têm beneficiado com o desenvolvimento económico. O presidente da câmara municipal da Sertã diz que "basta parar nos restaurantes e cafés à beira da Estrada Nacional 2 para perceber o impacto que tem”. Segundo Carlos Miranda a Rota N2 “é percorrida a caminhar, a correr, de bicicleta, de mota, de carro ou de auto caravana, traduzindo-se numa excelente forma de descobrir o interior de Portugal e o concelho da Sertã, explorando a cultura, as paisagens naturais, a gastronomia, as tradições e produtos endógenos, sendo amplamente reconhecido o impacto positivo nos mais diversos setores e agentes concelhios”. 

A Nacional 2 tem-se afirmado como uma rota turística de excelência, e há mesmo quem a compare com a célebre Route 66 dos Estados Unidos. A estrada oferece uma experiência única aos viajantes, permitindo-lhes explorar a diversidade paisagística, cultural e gastronómica de Portugal. Desde as vinhas do Douro até às planícies alentejanas e às praias algarvias, a Rota Estrada Nacional 2 proporciona uma viagem enriquecedora pelo país, beneficiando grandemente a economia das regiões por onde passa.

A Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) está a desenvolver um projeto para monitorizar os impactos da Rota Estrada Nacional 2, em colaboração com AMREN2. O Observatório da N2 envolve cerca de 40 investigadores de 13 instituições de ensino superior para estudar os efeitos diretos e indiretos da N2, com a finalidade de apoiar estratégias e políticas de desenvolvimento sustentável. ​

A Estrada Nacional 2 está na moda e há todos os dias turistas a atravessar o país de Norte a Sul, desde a cidade de Chaves, junto à fronteira com Espanha, até à cidade de Faro, no coração do Algarve. Uma rota que se estende por 738,5 km, oferecendo um verdadeiro retrato da diversidade paisagística, cultural e histórica do território português.

A Rota N2 tornou-se num catalisador de desenvolvimento económico, social e turístico para as regiões do interior de Portugal, contribuído para revitalizar comunidades, preservar patrimónios culturais e naturais, e oferecer aos viajantes uma experiência autêntica e diversificada do país.


A AMREN2 está investida para promover esta rota mítica a Património Cultural Nacional. Uma ideia que tem sido impulsionada por diversas iniciativas locais e regionais. Em 2023, a Assembleia Municipal de Faro aprovou por unanimidade o Reconhecimento do Interesse Municipal da Rota N2, evidenciando o seu papel como motor de desenvolvimento cultural e económico local, encorajando a mobilização conjunta dos municípios associados para promover a candidatura da N2 a Património Cultural Nacional.
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