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Turismo Rural

A Reforma aos 40 Anos: Mito das Redes Sociais ou Mudança de Paradigma?

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Nas redes sociais, proliferam histórias inspiradoras de pessoas que “se reformaram aos 40”.
A promessa é sedutora: uma vida livre, sem horários, com tempo para viagens, projetos pessoais e bem-estar. Mas o que muitas vezes não se explica é que, na maioria dos casos, esta suposta reforma precoce assenta num modelo muito antigo: viver de rendimentos prediais.

Durante grande parte do século XX, ser proprietário de imóveis em Portugal era sinónimo de frustração. A legislação de arrendamento, marcada por décadas de congelamento de rendas, limitava severamente o rendimento possível desses ativos. Muitas famílias viveram décadas com casas arrendadas por valores simbólicos, sem possibilidade de atualização das rendas, e sem margem para reinvestir.

Esse cenário começou a mudar de forma decisiva na última década. A liberalização progressiva do mercado de arrendamento, conjugada com o crescimento exponencial do turismo, criou uma nova realidade. Milhares de proprietários, outrora penalizados, passaram a encontrar no alojamento local e em outras formas de exploração turística uma fonte de rendimento substancial. Para muitos, esta viragem permitiu uma saída precoce do mercado de trabalho tradicional: mas será mesmo uma reforma?

Na Grous Partners temos acompanhado este fenómeno de perto. E é precisamente por isso que decidimos participar neste debate. Num contexto de crescimento acelerado do turismo, quase todos ganham dinheiro: quem planifica com base em dados, estudos de mercado e visão estratégica… mas também quem segue apenas a intuição ou aquilo que “se ouve dizer”.

Contudo, a economia é cíclica. E é nos períodos de contração que se distingue quem pensou o investimento a longo prazo de quem navegou apenas com o vento favorável.

Interromper uma carreira profissional onde foram investidos anos de formação, experiência e reputação não deve ser uma decisão leviana. Sobretudo se o novo sustento for uma atividade para a qual se tem pouca preparação, e cujo sucesso não depende apenas da boa vontade ou da localização do imóvel.
Acreditamos na valorização do património e apoiamos o investimento em projetos de turismo. Mas também acreditamos na responsabilidade e na consciência de que viver de rendimentos prediais é uma forma de gestão empresarial, e não um passatempo.

Quem se quer "reformar" cedo, deve antes de mais garantir que sabe trabalhar com o seu património.
E já agora, se for o caso, votos de uma excelentes férias!

Turismo Industrial: Fábrica-Museu Gorreana


Gorreana Site
Na cidade portuguesa de Ribeira Grande, Ilha de São Miguel, que se encontram as únicas plantação de chá Camellia Sinensis existentes na Europa.A Fábrica de Chá Gorreana é a mais antiga ainda em funcionamento: fundada na segunda metade do século XIX, em 1883, por Ermelinda da Câmara, a empresa continua hoje a ser um negócio familiar.

Semeada desde 1750 na ilha de São Miguel, nos Açores, a Camellia Sinensis da família Theaceae (popularmente conhecida como chá-da-índia) está na origem dos chás verde e preto que encontraram neste lugar o ambiente ideal para florescer.
Dizem que as primeiras plantas da espécie chegaram pela primeira vez ao arquipélago dos Açores a bordo das naus que retornavam do oriente, e hoje estas são as únicas plantações de Camellia Sinensis conhecidas em toda a Europa.

Inóspito para pragas normais desta espécie de chá, o clima húmido e chuvoso que tempera o solo ácido e vulcânico da ilha de São Miguel é perfeito para o cultivo da planta que dá origem a estes chás verdes e pretos de qualidade superior: 100% orgânicos, sem herbicidas, sem pesticidas, sem fungicidas, sem corantes, nem conservantes, garantindo a essência do aroma original.

A diretora do Chá Gorreana, Madalena Mota, lembra a origem do negócio há 5 gerações, em 1883, quando a doença laranja estragou por completo os laranjais existentes na herdade.
Com o negócio da laranja destruído, a fundadora, Ermelinda da Câmara, investiu na plantação de chá nas partes altas da quinta. A fábrica Gorreana foi construída 6 anos mais tarde, em 1889, após a chegada de um conjunto de técnicos macaenses, com a ajuda da Sociedade Promotora de Agricultura Micaelense, para ensinar a produzir o chá.

A excelente preservação das instalações e processos tradicionais, fazem com que a fábrica seja hoje considerada um "museu vivo", sendo visitada anualmente por dezenas de milhares de turistas.
Neste lugar, o turista pode esperar uma experiência autêntica que combina história, tradição e produção agrícola, seja nos passeios pelos campos de chá, seja no contacto com a maquinaria centenária ainda em funcionamento.

Em 2022, a Fábrica Gorreana foi oficialmente integrada na Rota Europeia do Património Industrial (European Route of Industrial Heritage - ERIH), conforme indicado no site do Conselho da Europa. Esta integração reconhece a importância histórica e cultural da Gorreana no contexto do património industrial europeu.

Plantada numa paisagem natural deslumbrante, a Gorreana emerge no horizonte exuberante de São Miguel, como um complemento natural aos trilhos pedestres (PRC28 SMI) que por ali passam, atuando como uma pausa cultural para os visitantes provarem o chá e saborear a gastronomia típica açoriana, enquanto desfrutam da magnífica vista para as plantações e para o oceano Atlântico.

Ao oferecer provas de chá gratuitas, perfumadas pelo aroma dos campos de chá, a Gorreana apresenta-se como uma experiência sensorial completa — um ícone cultural, histórico e turístico da ilha de São Miguel. Muito mais do que apenas um local de produção agrícola, a fábrica de chá mais antiga da Europa tem um impacto profundo no turismo regional, patente na atração de visitantes nacionais e estrangeiros, na promoção do turismo sustentável e na valorização da identidade açoriana.

Promovendo um Turismo Sustentável e Ecológico, a marca Gorreana destaca-se por produzir chá sem a utilização de pesticidas nem herbicidas, atraindo desta forma um segmento de visitantes  preocupados com o ambiente e o consumo responsável, promovendo o arquipélago como um destino de turismo ecológico.

Portugal is Art

Portugal is Art Photo
Desde o design inteligente das paisagens lusitanas, à expressão cultural de Homens que personalizam cada recanto e criatividade de artistas emergentes, ‘Portugal is Art’ apresenta o país como uma galeria a céu aberto. Um convite para descobrir a cultura portuguesa, contemplar a sua arte, encontrar o seu património arquitetónico, degustar a dieta mediterrânica e mergulhar nos melhores spots de surf.

O projeto do Turismo de Portugal tem como objetivo posicionar o país como destino onde a arte se manifesta em todos os detalhes da vida quotidiana. ‘Portugal is Art’ é uma campanha internacional, lançada em outubro de 2024, que dá destaque à expressão artística como a revelação dos museus e monumentos, e presente nas paisagens, na gastronomia, nas tradições, no surf, no enoturismo e principalmente na hospitalidade do povo português .

Carlos Abade, presidente do Turismo de Portugal, acredita que “convidar a visitar Portugal pela lente da arte é enriquecer a nossa proposta de valor enquanto destino turístico: para o viajante – oferecendo-lhe novas perspectivas e uma experiência turística diferenciada; para as empresas e profissionais – gerando negócio e empregos; para os residentes – através do desenvolvimento económico, social e sustentável do território”.

O Turismo de Portugal pretende alcançar com esta campanha os mercados do Reino Unido, Irlanda, Espanha, França, Alemanha, EUA, Brasil, Países Baixos e Bélgica, pretendendo promover produtos turísticos onde cada experiência é uma manifestação de criatividade.

A campanha de marketing ‘Portugal is Art’ aposta nas redes sociais, connected TV, digital out of home e filmes curtos sobre diversos produtos turísticos como o enoturismo, turismo literário, gastronomia, bem-estar, surf, mas também festivais de música. 

A Grous Partners acredita que a campanha representa uma oportunidade para desenhar e desenvolver novas experiências que possam aumentar o tempo médio das estadas no turismo rural. Nas palavras de Frederico Lucas, sócio responsável pela unidade de Turismo Rural, “estamos  empenhados em criar novas estratégias que apoiem os empreendimentos dos nossos clientes na venda de experiências que sublinhem a arte como fator diferenciador, e que ative a imaginação dos visitantes que escolhem o nosso país para descanso e reconexão."

O diálogo entre os destinos e a criatividade expressa-se em técnicas artesanais, passadas de geração em geração, por vinhos que perpetuam histórias através dos seus aromas, por uma arquitetura que revela os traços da nossa história e uma gastronomia que se reinventa para criar novos sabores identitários.

‘Portugal is Art’ destaca a cultura como fator diferenciador de cada cantinho do país, promovendo a imagem de Portugal como um destino onde a arte participa em cada experiência, convidando os visitantes a descobrirem a essência das nossas comunidades.

Mítica N2 comemora 80 anos

N2 Vertical
Conhecida em outros tempos por Estrada Real, a Estrada Nacional n.º 2 (N2) foi instituída no Plano Rodoviário, por Decreto-Lei n.º 34593, no dia 11 de maio de 1945, com o objetivo de ligar Chaves em Trás-os-Montes a Faro no Algarve. 

Este domingo, fazem precisamente 80 anos que a N2 foi constituída como estrada única mas há mesmo quem diga que o troço já teria sido em calçada romana, com séculos de existência. 

Muito mais do que uma simples via rodoviária moderna, a Nacional 2 incorpora segmentos de antigas vias romanas e de trilhos históricos que moldaram Portugal. Vários segmentos foram traçados sobre antigas estradas da província romana Lusitânia, que abrangia grande parte do atual território português.  A transformação das vias romanas e a sua posterior integração, pela monarquia, nas Estradas Reais culminou na criação daquilo que é hoje a estrada mais turística do país. "Fazer a N2" é uma viagem no tempo que nos permite explorar os caminhos históricos que revelam séculos de evolução nas infraestruturas de transporte no território português.

A Nacional 2 é a via rodoviária mais longa de Portugal e é a única estrada europeia que atravessa um país inteiro. No resto do mundo há apenas 2 outras estradas com esta característica - a Route 66 nos EUA e Ruta 40 na Argentina. A N2 passa por 35 concelhos e 11 distritos, atravessa 11 rios e sobe 11 serras. Faz-se de carro, caravana, mota, bicicleta e até mesmo a pé e a correr. Sim, a totalidade dos 738,5 km!

Atravessando Portugal de uma ponta à outra, a N2 é uma forma excelente de conhecer o país, e tem-se registado um crescente interesse nesta rota de asfalto icónica para descobrir a paisagem, cultura, demografia, gastronomia e património nacional. Uma viagem de aventura onde a finalidade não é apenas chegar ao fim, e onde o percurso em si é o destino.

A Rota Estrada Nacional 2 desce de Chaves pelo interior transmontano, passando por regiões montanhosas e florestas densas, até alcançar o centro do país. Pelo caminho, cruzam-se cidades como Vila Real, Viseu, Sertã, Abrantes, Ponte de Sor e Castro Verde, cada uma com as suas particularidades — desde o barroco das igrejas beirãs até às planícies alentejanas de tons dourados. A viagem segue, após atravessar o Alentejo e a serra algarvia, para terminar em Faro onde o Atlântico e o calor do sul brindam os viajantes.

Considerada num símbolo de ligação entre as diversas regiões do país, a N2 tornou-se num motor de desenvolvimento económico e turístico no interior de Portugal. Em 2016, foi criada a Associação de Municípios da Rota Estrada Nacional 2 (AMREN2) que tem como objetivo o desenvolvimento turístico, e promoção económica e cultural dos municípios atravessados pela Estrada Nacional 2.

A crescente popularidade da N2 levou à criação de iniciativas como o Passaporte Rota Nacional 2, que encoraja os viajantes a colecionar carimbos dos concelhos ao longo da rota, promovendo o turismo local e a interação com as comunidades. O passaporte turístico identifica os 35 concelhos com postos de turismo, cafés e alojamentos. Uma mecânica que conta com o apoio de uma aplicação móvel para colecionar os seus locais turísticos.


Em 2019, o então presidente da Associação de Municípios da Rota Estrada Nacional 2 afirmou que a rota foi atravessada por mais de 50 mil turistas, tendo gerado um impacto económico de cerca de 20 milhões de euros nos 33 municípios associados. Luís Machado disse que a estimativa foi feita considerando um valor de "400 euros, em média, para fazer a viagem". O antigo presidente da AMREN2 afirmou ainda que, no mesmo ano, foram emitidos 30 mil passaportes.


A Sertã, localizada a meio da Rota N2 (com 17 municípios acima e 17 municípios abaixo), é uma das regiões que têm beneficiado com o desenvolvimento económico. O presidente da câmara municipal da Sertã diz que "basta parar nos restaurantes e cafés à beira da Estrada Nacional 2 para perceber o impacto que tem”. Segundo Carlos Miranda a Rota N2 “é percorrida a caminhar, a correr, de bicicleta, de mota, de carro ou de auto caravana, traduzindo-se numa excelente forma de descobrir o interior de Portugal e o concelho da Sertã, explorando a cultura, as paisagens naturais, a gastronomia, as tradições e produtos endógenos, sendo amplamente reconhecido o impacto positivo nos mais diversos setores e agentes concelhios”. 

A Nacional 2 tem-se afirmado como uma rota turística de excelência, e há mesmo quem a compare com a célebre Route 66 dos Estados Unidos. A estrada oferece uma experiência única aos viajantes, permitindo-lhes explorar a diversidade paisagística, cultural e gastronómica de Portugal. Desde as vinhas do Douro até às planícies alentejanas e às praias algarvias, a Rota Estrada Nacional 2 proporciona uma viagem enriquecedora pelo país, beneficiando grandemente a economia das regiões por onde passa.

A Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) está a desenvolver um projeto para monitorizar os impactos da Rota Estrada Nacional 2, em colaboração com AMREN2. O Observatório da N2 envolve cerca de 40 investigadores de 13 instituições de ensino superior para estudar os efeitos diretos e indiretos da N2, com a finalidade de apoiar estratégias e políticas de desenvolvimento sustentável. ​

A Estrada Nacional 2 está na moda e há todos os dias turistas a atravessar o país de Norte a Sul, desde a cidade de Chaves, junto à fronteira com Espanha, até à cidade de Faro, no coração do Algarve. Uma rota que se estende por 738,5 km, oferecendo um verdadeiro retrato da diversidade paisagística, cultural e histórica do território português.

A Rota N2 tornou-se num catalisador de desenvolvimento económico, social e turístico para as regiões do interior de Portugal, contribuído para revitalizar comunidades, preservar patrimónios culturais e naturais, e oferecer aos viajantes uma experiência autêntica e diversificada do país.


A AMREN2 está investida para promover esta rota mítica a Património Cultural Nacional. Uma ideia que tem sido impulsionada por diversas iniciativas locais e regionais. Em 2023, a Assembleia Municipal de Faro aprovou por unanimidade o Reconhecimento do Interesse Municipal da Rota N2, evidenciando o seu papel como motor de desenvolvimento cultural e económico local, encorajando a mobilização conjunta dos municípios associados para promover a candidatura da N2 a Património Cultural Nacional.

Turismo Rural abaixo do seu potencial


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Num momento em que se repensa o papel dos territórios rurais na economia nacional, os dados mais recentes do INE sobre o Turismo em Espaço Rural (TER) ajudam a traçar um retrato do que já foi alcançado e do muito que ainda pode ser feito.
A consolidação deste segmento, que alia autenticidade, património e contacto com a natureza, revela-se uma oportunidade estratégica para os investidores e para as autarquias que queiram apostar num desenvolvimento sustentável e integrado.

As dormidas em Turismo em Espaço Rural (TER) representaram 14,5% do nr total em 2024, uma ligeira subida em relação ao ano anterior (14,3%). 

Segundo o INE, o número de estabelecimentos aumentou 1,7% em em 2024, enquanto o nr. de camas foi ampliado em 4,9%. O ano 2024 fechou com 1.977 estabelecimentos, 15.575 quartos e 34.524 camas neste segmento de alojamento.

Em 2024, os proveitos totais do TER aumentaram 15% em relação a 2023, atingindo 265,4 milhões de euros, sendo que os proveitos com alojamentos aumentaram 14,7%.
O mês com maior receita total foi Agosto, com 49,9 milhões de euros, e o com menor receita foi Janeiro, com 6,1 milhões de euros.

Em 2024, registaram-se 3,1M de dormidas sendo os hóspedes internacionais responsáveis por 48%.

Para Frederico Lucas, responsável pela unidade de investimentos turísticos em territórios rurais da consultora Grous Partners, este valor está aquém do seu potencial: “Em Itália, o Turismo Rural representa 24% do total do sector, bem acima da realidade portuguesa. Em ano de eleições autárquicas, é uma oportunidade para os candidatos em territórios rurais para redefinir a importância da preservação do património cultural e construído nas suas agendas. Porque o Turismo tem-se revelado o sector mais resiliente nos períodos difíceis da economia portuguesa, com uma absorção de mão de obra superior a 20% em termos directos e indirectos nas áreas rurais.

O crescimento continuo nos principais destinos rurais demonstram a tendência na procura de experiências culturais e de natureza, capazes de aportar elevado valor nos territórios de acolhimento.

Fonte: TravelBI

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